Carne, um vilão ecológico - Jair Donato

Há duas maneiras de olhar o mundo e os impactos que o homem provoca nele. A primeira, capitalista, por ser uma visão míope e devastadora, impede de ver que os recursos naturais são destruídos em curto prazo, como se não houvesse futuro. A segunda visão, essa merece uma reflexão mais profunda, é a longo prazo, onde se percebe que o resultado da primeira, na maior parte das vezes, é irreversível.

É fato que as atividades humanas, principalmente no século XX, foram responsáveis pelas alterações do clima no planeta, e provocam o superaquecimento da Terra. Segundo estudos publicados pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a comida atual da humanidade, à base de carne, se tornou uma das grandes fontes depreciativas e poluidoras do meio ambiente.

Todo o processo de produção e consumo de carne de boi, peixe, frango ou porco, dentre outras, é responsável pela poluição do ar, do solo e da água, quando aplicado sem respeito ao meio ambiente. Os animais são grandes emissores de gases poluentes, além das áreas de recursos naturais que são devastadas para criá-los.

É inegável que a maior parte do crescimento da criação bovina no Brasil se dá à custa da destruição das florestas. O especialista em ecoturismo, João Meirelles Filho, autor de "O livro de Ouro da Amazônia" diz que o boi é a principal razão da destruição dos ecossistemas brasileiros. Foram 93% da Mata Atlântica, 80% da Caatinga, 50% do Cerrado e 18% da Amazônia, devastados para essa função.

Além de poucas vantagens coletivas na atividade bovina, é um péssimo empregador. Poucos cuidam de milhares de cabeças de gado, altamente lucrativas para um segmento, e prejuízo para a natureza. Anualmente, mais de 20 bilhões de metros quadrados da Floresta Amazônica são derrubados para plantio de grãos, seguido da criação de pasto.

Segundo dados do IBGE (2000), no Brasil o número de cabeças de gado ultrapassa a população, são quase 200 milhões de bovinos. Quase 70% da pecuária é representada por bovinos, a maioria para corte, outra parte, para leite. Foi estimada uma emissão em torno de 9,2 milhões de toneladas de metano, gás liberado pelos animais, que polui até 21 vezes mais do que o gás carbônico, provenientes da pecuária.

Dos gases que formam a camada do efeito estufa, 18%, vêm da criação bovina e suína. Segundo a FAO, cerca de 37% das emissões globais de metano e 65% de oxido nitroso, gases poluentes dezenas de vezes superior ao gás carbônico, surgem dessas atividades. Uma vaca chega a produzir 600 litros/dia de metano. Há país que esse número chega até 700 litros, devido à fermentação do alimento recebido.

Atualmente, a questão ética se passa, fundamentalmente, pela postura do consumidor ao adquirir produtos ecologicamente corretos. Ambientalistas, ecologistas e climatólogos apontam a importância do consumo consciente na alimentação à base de carne, como forma de poluir e degradar menos.

Quase metade das terras propícias para agricultura, no planeta, já virou pasto. Cerca de 35% de todos os grãos produzidos mundialmente são destinados à ração bovina, quantia que supriria a fome nos países pouco desenvolvidos, carentes de alimentos. Mas parece que é a fome que é ilícita e ignorada, em detrimento do delírio mercantilista de poucos.

Mato Grosso, econômica e politicamente, tem títulos internacionais como maior parque pecuário do país e grande produtor de grãos. Na primeira visão, a do velho paradigma de ganho, isso pode ser sinônimo de riqueza e desenvolvimento. Mas para quem? Para quantos? Por quanto tempo? Talvez seja o momento de uma profunda reflexão a longo prazo, preservar e conservar mais, sem poluir tanto.

Pense no impacto dos próximos anos em que o planeta terá de suportar 9 bilhões de pessoas, se não houver uma mudança ecológica nos hábitos alimentares. Sem radicalismos, mas isso merece um repensar individual e coletivo. Mais que uma questão de saúde, é uma atitude ambiental-mente correta. Qual a sua visão? É em curto ou em longo prazo? Isso é o que pode fazer você agir diferente, e seus filhos viverem melhor.

Jornalista em Cuiabá, consultor — life coach —,
professor universitário, especialista em
gestão de pessoas e qualidade de vida.
e-mail: jairdomnato{at}gmail[dot]com

Fonte Desconhecida. Se você souber a fonte, poste um comentário avisando.

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